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Cultura do cancelamento em 2024: como estamos? — com Pedro Tourinho
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Uma das cenas de filme mais marcantes da minha vida, do tipo pesadelo e trauma, é de um filme que vi com 5 anos: Superman, o Filme, sim, aquele com o Christopher Reeve, o melhor Superman. É logo no início, ainda em Krypton, quando o Pai do Super, o Marlon Brando, condena três criminosos a serem banidos para todo sempre na Zona Fantasma.
A parte dessa cena que me deixou chocado é na hora que os três vilões são jogados na tal zona fantasma. Eles ficam em um círculo com uns bambolês em volta, a grande redoma que eles estavam abre, eles ficam em um facho de luz que vai até o espaço. Aí vem um… espelho espacial? Um quadrado brilhante, que passa por cima deles, que ficam presos ali naquele espaço apertado, as mãos no vidro, voando pelo espaço gritando de desespero.
Aaaaaah, você me paga, Jorel!!!
Como a gente vai ver no filme seguinte, o general Zod não era nenhum santo, eu não tava lá para ver, mas deve ter merecido. Mas aquele desespero de ficar ali preso naquele espelhinho sideral me marcou muito e é essa cena que me vem à cabeça quando em penso no tema dessa semana do Boa Noite Internet: cultura do cancelamento.
Eu defendo já tem tempo que a internet deu voz a pessoas que nunca tiveram plataforma antes, gerando o que eu chamo de “eu não tô maluco sozinho”. As conversas online fizeram com que a gente conseguisse ver que um monte de coisa não era coincidência, “só um caso isolado” ou invenção da nossa cabeça. É por isso que eu digo que apesar de a gente adorar falar mal da internet, ela ainda tem um saldo positivo para o mundo. Em 10 anos a sociedade mudou radicalmente, por conta das conversas que aconteceram online.
Eu defendo a internet e as xoxal redes como ferramenta de mudança. Só que, ao mesmo tempo… Eu sempre fiquei muito incomodado com a cultura do cancelamento, que é quando alguém faz alguma coisa considerada errada e então começa o que eu costumo chamar de “Tribunal da Internet”, onde o veredito é decidido e executado ali na hora, que nem em Krypton, só que no feed de alguma rede social, de preferência o Twitter. O que me incomoda nessa dinâmica é o sentimento de que a pessoa é culpada até prova em contrário, de que se ela foi acusada, coisa boa não fez. E que se você ousar ponderar, ei, peraí, não é bem assim… plau! Você também é culpado.
E nessa eu vi muita gente que eu gosto ser cancelada sumariamente, o que foi um dos motivos de eu ter largado o Twitter já tem aí quase 2 anos.
Mas… o tempo passa. A teoria vira prática e a gente descobre que as coisas não são tão simples assim. Daí, enquanto a gente estava montando a pauta dessa temporada do Boa Noite Internet, o tema “cultura do cancelamento” estava lá na lista e me fez lembrar que um cara que eu conheço já tem aí mais de 10 anos estava para lançar um livro sobre o assunto. Eu mandei um Zap pra saber como estava o projeto e descobri que ele ia lançar o livro na semana seguinte.
Eu estou falando do Pedro Tourinho, que é comunicólogo e especialista em entretenimento e mídia. Ele já tinha escrito o livro “Eu, eu mesmo e minha selfie. Como cuidar da sua imagem no século XXI”. Foi meu chefe quando eu estava de saída do BuzzFeed ali no auge da loucura de 2020. Desde o início de 2023 o Pedro atua como Secretário de Cultura e Turismo de Salvador e agora acabou de lançar o livro “Ensaio sobre o cancelamento”.
A gente correu, agendou o estúdio e agora você escuta esse papo sobre a origem da cultura do cancelamento, vê que de novidade ela não tem nada — a humanidade já cancela tem tempo — mas também o que ela traz de diferente agora e, principalmente, a parte que me fez querer falar desse assunto em 2024: entender o que mudou, o que a gente aprendeu nessa última década e, pra fechar, um guia prático pra quando for você a pessoa cancelada da vez. Porque um dia todos serão cancelados por 15 minutos. Inclusive eu, por conta desse programa.
Sei lá, vamos ver. Mas eu fiquei muito feliz com o papo, que me fez ver toda essa dinâmica de um jeito diferente, menos violento.
Links do episódio e transcrição em https://boanoiteinternet.com.br/
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Uma das cenas de filme mais marcantes da minha vida, do tipo pesadelo e trauma, é de um filme que vi com 5 anos: Superman, o Filme, sim, aquele com o Christopher Reeve, o melhor Superman. É logo no início, ainda em Krypton, quando o Pai do Super, o Marlon Brando, condena três criminosos a serem banidos para todo sempre na Zona Fantasma.
A parte dessa cena que me deixou chocado é na hora que os três vilões são jogados na tal zona fantasma. Eles ficam em um círculo com uns bambolês em volta, a grande redoma que eles estavam abre, eles ficam em um facho de luz que vai até o espaço. Aí vem um… espelho espacial? Um quadrado brilhante, que passa por cima deles, que ficam presos ali naquele espaço apertado, as mãos no vidro, voando pelo espaço gritando de desespero.
Aaaaaah, você me paga, Jorel!!!
Como a gente vai ver no filme seguinte, o general Zod não era nenhum santo, eu não tava lá para ver, mas deve ter merecido. Mas aquele desespero de ficar ali preso naquele espelhinho sideral me marcou muito e é essa cena que me vem à cabeça quando em penso no tema dessa semana do Boa Noite Internet: cultura do cancelamento.
Eu defendo já tem tempo que a internet deu voz a pessoas que nunca tiveram plataforma antes, gerando o que eu chamo de “eu não tô maluco sozinho”. As conversas online fizeram com que a gente conseguisse ver que um monte de coisa não era coincidência, “só um caso isolado” ou invenção da nossa cabeça. É por isso que eu digo que apesar de a gente adorar falar mal da internet, ela ainda tem um saldo positivo para o mundo. Em 10 anos a sociedade mudou radicalmente, por conta das conversas que aconteceram online.
Eu defendo a internet e as xoxal redes como ferramenta de mudança. Só que, ao mesmo tempo… Eu sempre fiquei muito incomodado com a cultura do cancelamento, que é quando alguém faz alguma coisa considerada errada e então começa o que eu costumo chamar de “Tribunal da Internet”, onde o veredito é decidido e executado ali na hora, que nem em Krypton, só que no feed de alguma rede social, de preferência o Twitter. O que me incomoda nessa dinâmica é o sentimento de que a pessoa é culpada até prova em contrário, de que se ela foi acusada, coisa boa não fez. E que se você ousar ponderar, ei, peraí, não é bem assim… plau! Você também é culpado.
E nessa eu vi muita gente que eu gosto ser cancelada sumariamente, o que foi um dos motivos de eu ter largado o Twitter já tem aí quase 2 anos.
Mas… o tempo passa. A teoria vira prática e a gente descobre que as coisas não são tão simples assim. Daí, enquanto a gente estava montando a pauta dessa temporada do Boa Noite Internet, o tema “cultura do cancelamento” estava lá na lista e me fez lembrar que um cara que eu conheço já tem aí mais de 10 anos estava para lançar um livro sobre o assunto. Eu mandei um Zap pra saber como estava o projeto e descobri que ele ia lançar o livro na semana seguinte.
Eu estou falando do Pedro Tourinho, que é comunicólogo e especialista em entretenimento e mídia. Ele já tinha escrito o livro “Eu, eu mesmo e minha selfie. Como cuidar da sua imagem no século XXI”. Foi meu chefe quando eu estava de saída do BuzzFeed ali no auge da loucura de 2020. Desde o início de 2023 o Pedro atua como Secretário de Cultura e Turismo de Salvador e agora acabou de lançar o livro “Ensaio sobre o cancelamento”.
A gente correu, agendou o estúdio e agora você escuta esse papo sobre a origem da cultura do cancelamento, vê que de novidade ela não tem nada — a humanidade já cancela tem tempo — mas também o que ela traz de diferente agora e, principalmente, a parte que me fez querer falar desse assunto em 2024: entender o que mudou, o que a gente aprendeu nessa última década e, pra fechar, um guia prático pra quando for você a pessoa cancelada da vez. Porque um dia todos serão cancelados por 15 minutos. Inclusive eu, por conta desse programa.
Sei lá, vamos ver. Mas eu fiquei muito feliz com o papo, que me fez ver toda essa dinâmica de um jeito diferente, menos violento.
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